Segunda-feira, 9 de Abril de 2012
Como combater o desemprego

Notícia quase diária: o número de desempregados continua a crescer.

 

Em grande parte por quatro razões:

 

1ª Nas últimas três décadas o Estado (Central e Autárquico) aumentou as suas despesas em pessoal e obras, com poucas ou nenhumas preocupações de sustentabilidade, e muitas eleitorais, criando dívidas incomportáveis e agora há que despedir quem está a mais e deixar de fazer obras que não contribuem para a riqueza do País.

 

2ªAssim que aderimos à CE os nossos governos fizeram de nós “bons alunos” mas à custa de muito maus hábitos pois destruímos a marinha que restava, diminuímos a pesca e a agricultura, destruímos indústrias em nome de um futuro de serviços que não sabíamos o que seria, investimos em energias caras subsidiadas e nos transportes mais caros (rodoviários), em resumo aumentámos os gastos do Estado e os custos de produção dos privados, que devem ser, se os deixarem, a base da produção de riqueza.

 

3ª Os Governos e a Banca, desde a entrada na CE, incentivaram a população a gastar, não a investir em atividades produtivas ou na sua valorização pessoal, mas em consumo fazendo assim crescer o PIB e obviamente também as dívidas pessoais e nacionais,  pois todo este crescimento foi à custa de crédito.

 

4ª Assim se criaram inúmeras empresas, principalmente intermediárias e importadoras, não de produção, que de facto não tinham um mercado sustentável mas apenas temporário, e que portanto muitas delas não conseguirão sobreviver.

E ainda por cima vários países a começar pelos EUnidos resolveram aproveitar o neoliberalismo que tem assolado o nosso planeta com uma Dona Branca gigantesca que veio acrescentar à nossa crise estrutural interna mais uma dificuldade financeira externa.

 

E qual será a solução?

 

É claro, mas parece haver muita gente a não ter entendido ainda esta realidade, que não basta corrigir a exagerada dívida soberana, e que assim que isto se verifique podemos voltar ao que estava antes da crise eclodir.

 

Na verdade temos forçosamente que alterar profundamente a estrutura e a cultura vigentes mesmo que isso obrigue até a adaptar a própria Constituição, se alguns dos seus artigos se verificar serem contrários à sobrevivência do País.

 

Emigração não é solução geral mas apenas pessoal e de sobrevivência imediata, e que só quem nunca experimentou julga ser fácil e agradável.

 

Obviamente temos que, não só aumentar a nossa produção, e assim diminuir e se possível eliminar o desemprego, até para reduzir as importações, mas também aumentar o seu valor acrescentado para se poder melhorar o nível salarial e moralizar a organização do nosso sistema de trabalho, uma vez que se verifica a necessidade de realizar tarefas como por exemplo a limpeza das matas, que ardem mais por não serem limpas, ou na agricultura onde se importam trabalhadores estrangeiros enquanto os nossos recebem subsídio de desemprego.

 

Por outro lado há que dinamizar o investimento privado definindo claramente o que se pode fazer e como proceder, sem precisar sempre da autorização discricionária de algum governante ou autarca. O que não dinamiza o investimento e convida a comportamentos menos corretos.

 

 Aliás já há alguns anos atrás alguém afirmava que se Edison tivesse nascido em Portugal jamais conseguiria produzir lâmpadas, porque ainda estaria à espera de uma autorização.

 

Um exemplo flagrante desta dificuldade verifica-se na náutica de recreio e no turismo com ela relacionado, onde há projetos que criariam alguns milhares de postos de trabalho, mas que para se realizarem precisam que haja definição clara por parte das autoridades respetivas de forma a que os investidores interessados não continuem a ter a perspetiva de terem que esperar dez anos ou mais por uma decisão.


Não posso deixar de chamar a atenção daqueles que se manifestam contra o desemprego,  e com muita razão, pois só quem nunca passou por tal provação é que lhe não dá o devido valor, para também reivindicarem esta dinamização do investimento sem a qual não há criação de emprego e de riqueza repartida.

 

Lisboa, 6 de Abril de 2012

 

Publicado no DN em 9 de Abril de 2012



publicado por JoseViana às 11:47
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