Notícia quase diária: o número de desempregados continua a crescer.
Em grande parte por três razões:
1ª Nas últimas três décadas o Estado (Central e Autárquico) aumentou as suas despesas em pessoal e obras, com poucas ou nenhumas preocupações de sustentabilidade, e muitas eleitorais, criando dívidas incomportáveis e agora há que despedir quem está a mais e eliminar as obras que não contribuem para a riqueza do País.
2ª Os Governos e a Banca, desde a entrada na CE, incentivaram a população a gastar, não a investir em atividades produtivas ou na sua valorização pessoal, mas em consumo fazendo assim crescer o PIB e obviamente também as dívidas pessoais e nacionais, pois todo este crescimento foi à custa de crédito.
3ª Assim se criaram inúmeras empresas, principalmente intermediárias e não de produção, que de facto não tinham um mercado sustentável mas apenas temporário, e que portanto muitas delas não conseguirão sobreviver.
E qual será a solução?
Emigração não é solução geral mas apenas pessoal e de sobrevivência imediata.
Obviamente temos que não só aumentar a nossa produção, até também para reduzir as importações, mas aumentar o seu valor acrescentado para se poder melhorar o nível salarial e moralizar a organização do nosso sistema de trabalho uma vez que se verifica a necessidade de realizar tarefas como por exemplo a limpeza das matas, que ardem mais por não serem limpas, ou na agricultura onde se importam trabalhadores estrangeiros enquanto os nossos recebem subsídio de desemprego.
Por outro lado há que dinamizar o investimento privado definindo claramente o que se pode fazer e como proceder, sem precisar sempre da autorização discricionária de algum governante ou autarca. O que não dinamiza o investimento e convida a comportamentos menos corretos.
Aliás já há alguns anos atrás alguém afirmava que se o Edison tivesse nascido em Portugal jamais conseguiria produzir lâmpadas, porque ainda estaria à espera de uma autorização.
O exemplo mais flagrante desta dificuldade verifica-se na náutica de recreio e no turismo com ela relacionado, onde há projetos que criariam alguns milhares de postos de trabalho mas que para se realizarem precisam que haja definição clara por parte das autoridades respetivas de forma a que os investidores interessados não continuem a ter a perspetiva de terem que esperar dez anos ou mais por uma decisão.
E o Sotavento Algarvio é um exemplo vivo deste tipo de situação.
Não posso deixar de chamar a atenção daqueles que se manifestam contra o desemprego, e com muita razão, pois só quem nunca passou por tal provação é que lhe não dá o devido valor, para também reivindicarem esta dinamização do investimento sem a qual não há criação de emprego e de riqueza repartida.
Tavira, 4 de Abril de 2012
Publicado no Postal em 13 d Abril de 2012
Notícia quase diária: o número de desempregados continua a crescer.
Em grande parte por quatro razões:
1ª Nas últimas três décadas o Estado (Central e Autárquico) aumentou as suas despesas em pessoal e obras, com poucas ou nenhumas preocupações de sustentabilidade, e muitas eleitorais, criando dívidas incomportáveis e agora há que despedir quem está a mais e deixar de fazer obras que não contribuem para a riqueza do País.
2ªAssim que aderimos à CE os nossos governos fizeram de nós “bons alunos” mas à custa de muito maus hábitos pois destruímos a marinha que restava, diminuímos a pesca e a agricultura, destruímos indústrias em nome de um futuro de serviços que não sabíamos o que seria, investimos em energias caras subsidiadas e nos transportes mais caros (rodoviários), em resumo aumentámos os gastos do Estado e os custos de produção dos privados, que devem ser, se os deixarem, a base da produção de riqueza.
3ª Os Governos e a Banca, desde a entrada na CE, incentivaram a população a gastar, não a investir em atividades produtivas ou na sua valorização pessoal, mas em consumo fazendo assim crescer o PIB e obviamente também as dívidas pessoais e nacionais, pois todo este crescimento foi à custa de crédito.
4ª Assim se criaram inúmeras empresas, principalmente intermediárias e importadoras, não de produção, que de facto não tinham um mercado sustentável mas apenas temporário, e que portanto muitas delas não conseguirão sobreviver.
E ainda por cima vários países a começar pelos EUnidos resolveram aproveitar o neoliberalismo que tem assolado o nosso planeta com uma Dona Branca gigantesca que veio acrescentar à nossa crise estrutural interna mais uma dificuldade financeira externa.
E qual será a solução?
É claro, mas parece haver muita gente a não ter entendido ainda esta realidade, que não basta corrigir a exagerada dívida soberana, e que assim que isto se verifique podemos voltar ao que estava antes da crise eclodir.
Na verdade temos forçosamente que alterar profundamente a estrutura e a cultura vigentes mesmo que isso obrigue até a adaptar a própria Constituição, se alguns dos seus artigos se verificar serem contrários à sobrevivência do País.
Emigração não é solução geral mas apenas pessoal e de sobrevivência imediata, e que só quem nunca experimentou julga ser fácil e agradável.
Obviamente temos que, não só aumentar a nossa produção, e assim diminuir e se possível eliminar o desemprego, até para reduzir as importações, mas também aumentar o seu valor acrescentado para se poder melhorar o nível salarial e moralizar a organização do nosso sistema de trabalho, uma vez que se verifica a necessidade de realizar tarefas como por exemplo a limpeza das matas, que ardem mais por não serem limpas, ou na agricultura onde se importam trabalhadores estrangeiros enquanto os nossos recebem subsídio de desemprego.
Por outro lado há que dinamizar o investimento privado definindo claramente o que se pode fazer e como proceder, sem precisar sempre da autorização discricionária de algum governante ou autarca. O que não dinamiza o investimento e convida a comportamentos menos corretos.
Aliás já há alguns anos atrás alguém afirmava que se Edison tivesse nascido em Portugal jamais conseguiria produzir lâmpadas, porque ainda estaria à espera de uma autorização.
Um exemplo flagrante desta dificuldade verifica-se na náutica de recreio e no turismo com ela relacionado, onde há projetos que criariam alguns milhares de postos de trabalho, mas que para se realizarem precisam que haja definição clara por parte das autoridades respetivas de forma a que os investidores interessados não continuem a ter a perspetiva de terem que esperar dez anos ou mais por uma decisão.
Não posso deixar de chamar a atenção daqueles que se manifestam contra o desemprego, e com muita razão, pois só quem nunca passou por tal provação é que lhe não dá o devido valor, para também reivindicarem esta dinamização do investimento sem a qual não há criação de emprego e de riqueza repartida.
Lisboa, 6 de Abril de 2012
Publicado no DN em 9 de Abril de 2012
Algumas greves verificadas ultimamente levantam questões importantes para a vida dos cidadãos e para a própria democracia.
A greve foi um instrumento desenvolvido principalmente durante o século XIX para combater o desequilíbrio existente entre os proprietários das empresas e os seus trabalhadores, que se comprovou ser essencial para o aperfeiçoamento da justiça social e para o próprio desenvolvimento económico dos países que viviam em democracia.
Por outro lado convém recordar que em democracia os assuntos, que há para resolver, são tratados nos Órgãos de Soberania devidamente eleitos pelos cidadãos, que têm o poder de aprovar os programas de governo e caso não aprovem depois a sua realização, têm mecanismos na Constituição para fazer frente a estas situações incluindo a de, por meio de eleições, mudar o Parlamento e o Governo e assim alterar o rumo eventualmente indesejado.
Mas em Democracia não é possível em termos realistas haver unanimidade de opiniões e assim haverá sempre minorias que não estarão de acordo com as decisões do poder da maioria, mas podendo exprimir livremente dentro das normas correntes da boa educação e da disciplina as suas opiniões, até contribuindo assim para a formação da opinião pública essencial para o funcionamento eficiente da política nacional.
Portanto é evidente concluir-se ser uma greve contra as decisões dum empregador pelos seus trabalhadores, sem sombra de dúvida, um direito inalienável, porque o argumento do prejuízo causado por essa quebra no trabalho realizado sempre foi a arma essencial.
Mas uma greve convocada contra uma decisão do Poder Político eleito realizada na Assembleia da República, onde estão representados todos os partidos políticos, não corresponde minimamente ao conceito da greve trabalhista e passa a ser a transposição do confronto democrático parlamentar para o confronto nas ruas, como tem que ser muitas vezes em sistemas ditatoriais, porque não há outra possibilidade.
Ainda por cima com a agravante dos prejuízos serem para os cidadãos todos, e principalmente para os utentes atingidos, e a sua organização ser da responsabilidade de partidos com representação parlamentar.
Se toda a gente que discorda de decisões governamentais vier para a rua sempre que lhe apetecer, porque o seu partido não conseguiu ter influência onde ela deve ser tratada, então estaremos caídos em plena anarquia.
Curiosamente não assistimos a manifestações idênticas destas forças políticas quando foram cometidos os erros e os abusos de poder durante os cerca de vinte anos em que se forjou a atual crise nacional, além da crise internacional que também ajudou ao descalabro, mas que devia ter obrigado os responsáveis a maior atenção, eficiência e honestidade.
Conclusão: greves políticas em democracias podem ser legais, mas não são propriamente legítimas nem democráticas, mas apenas anárquicas, devendo por isso serem condenadas pelos cidadãos conscientes dos interesses próprios e do país, obviamente através do voto.
Lisboa, 22 de Março de 2012
Publicado no DN em 5 de Abril de 2012