Tanto as mal denominadas nacionalizações de 75 como as privatizações atuais têm levantado inúmeras questões que sempre vão ficando por esclarecer.
As primeiras foram de facto estatizações pois as empresas em causa nacionais já o eram e não me parece terem sido nacionalizadas empresas estrangeiras.
Mas agora cada vez que se fala em privatizações logo surge a questão da perda do poder por parte do País quando o capital privado é estrangeiro.
Curiosamente quase ninguém se importou quando as maiores empresas de navegação, de metalo-mecânica e outras desapareceram por pura inépcia e imediatismo dos governantes e das entidades corporativas de Portugal. E isto foi uma das causas da situação de quebra financeira e de insegurança económica em que estamos.
No caso da TAP parece ser indispensável aumentar o seu capital o que sendo ela estatizada e não tendo o Estado a necessária capacidade financeira terá por isso que ser privatizada. E como não há, pelos vistos, nenhuma empresa portuguesa capacitada para tal, foi procurar-se no estrangeiro a solução, com a imediata perturbação pelo perigo representado pela possibilidade do novo acionista não gerir a empresa da melhor forma para os interesses nacionais.
Mas se há muitos interessados na manutenção do capital em mãos portuguesas desde os seus colaboradores até a muitos clientes habituais, passando por empresas ligadas ao turismo, etc., por que razão não se faz a privatização com aumento de capital para pequenos investidores residentes em Portugal.
Se somando todos os partidários de ter uma TAP portuguesa houver um milhão de interessados bastava, em média, cada um comprar 400 euros de ações para obtermos o aumento de capital necessário e tudo ficaria resolvido sem mais complicações.
É claro que seria também muito conveniente e oportuno estabelecer o sistema de ações nominativas pois o capital anónimo está demonstrado ser uma porta aberta para a ausência de responsabilidade que tem sido uma das bases das grandes perturbações financeiras e sociais das últimas décadas.
E uma vez isto definido o passo seguinte será o da adoção do critério anti-colonialista que obrigue os acionistas das empresas classificadas como de interesse nacional ou regional sejam residentes respetivamente no País ou na região. Aquilo a que em tempos defini como residencialismo e será o antídoto para os inconvenientes resultantes para as pequenas economias nacionais e regionais do neo-colonialismo económico que tantos prejuízos tem provocado por esse país fora.
Portanto espero que os nossos deputados e as nossas forças corporativas que não estão de acordo com a privatização da TAP em curso se unam para apoiar uma solução deste tipo.
Lisboa, 21 de Dezembro de 2012
Publicado no DN em 26 de Dezembro de 2012
Cumprir Portugal é uma frase que lembra logo Fernando Pessoa.
A um poeta no entanto ninguém se preocupa em perguntar-lhe como é que ele seria capaz de atingir tal objetivo, nem a analisar outras afirmações que tenha apresentado sobre este tema.
Mas quando a mesma frase sai da boca de um Primeiro Ministro a situação é exatamente inversa, pois espera-se que ele explique como é que está previsto e planeado o caminho para tal objetivo ser atingido.
E então numa ocasião como a atual em que o País se debate com uma crise iniciada há cerca de trinta anos, que resultou em grande parte da destruição durante este período de uma parte importantíssima do nosso aparelho produtivo e de segurança, como foi o caso da Marinha (entendida como o conjunto da Armada e das Marinhas de Comércio, de Pesca e de Recreio), de indústrias metalo-mecânicas?
E obedecendo ao que está estipulado na nossa Constituição (e que parece ninguém querer alterar) contra a existência de grandes empresas só se fala em PMEs, e ainda ao facto de algumas das poucas empresas que ainda restam com alguma dimensão estarem agora à venda a compradores estrangeiros?
Depois do trabalho brilhantemente realizado pela “Missão para a extensão da plataforma continental” podemos ter ao nosso dispor uma enorme potencialidade de riquezas nos fundos e no subsolo do “nosso” Atlântico.
Mas para isto ser possível é indispensável termos empresas portuguesas como por exemplo em Marinha de Comércio, no fabrico dos equipamentos necessários à exploração dos fundos do oceano, no tratamento das matérias primas e na sua transformação em produtos comerciais. Todas empresas grandes.
Aliás nada disto é novo pois pelo menos a partir de 1984 tanto na Academia de Marinha como na Sociedade de Geografia foram estes assuntos levantados e discutidos.
Diga-se de passagem sem qualquer manifestação de interesse pela maioria esmagadora dos responsáveis políticos e corporativos.
E agora assistimos a serem empresas estrangeiras que vêm explorar minérios, comandar a produção de energia, transportar os turistas que nos interessa receber. Etc etc. e até empresas portuguesas de elevada dimensão mudam as suas sedes para outros países porque o nosso não dá condições operacionais aceitáveis, criando assim um novo conceito que é a auto-colonisação.
Temos enormes potencialidades de criação de postos de trabalho na Marinha de Recreio e em reuniões recentes ficou patente que o maior obstáculo a este desenvolvimento é o Estado, ou seja na prática o Governo por não tomar a decisões necessárias.
Perante tudo isto temos que perguntar ao Senhor Primeiro Ministro: como é que decide resolver este impasse?
Ou iremos assistir a um novo e enorme mapa cor de rosa?
E depois, naturalmente, culpando a Srª Merkel e a Europa de não nos darem tempo para nos prepararmos devidamente.
Lisboa, 28 de Novembro de 2012
Publicado no DN em 7 de Dezembro de 2012
1ª Questão: Que crise é esta?
É geral? É só nossa? E é o que se passa agora ou o que se passou de errado e agora é hora de pagar? É a primeira crise que temos ou já tivemos outras durante a nossa longa história? O que é de facto uma crise?
Já no tempo de Eça de Queirós também Portugal estava em crise com contornos idênticos aos de hoje conforme se pode apreciar em vários textos sobejamente conhecidos e que por isso me abstenho de transcrever.
Mas, antes de entrar no tema proposto, há uma explicação a dar quanto ao título pois não se julgue que só há oportunidades no mar, pois também as há e muitas na terra, i.e., na agricultura como a atual Ministra apontou ainda há uns dias, ou na exploração mineira, na retoma de indústrias metalomecânicas que já tivemos, na informática, no turismo, etc., desde que saibamos reformar algumas estruturas como a Justiça, os transportes, a forma de decidir os investimentos, e se conseguirmos motivar corretamente os gestores e os trabalhadores portugueses de forma a não precisarmos de importar mão de obra em vez de se assistir às inúmeras recusas de ofertas de trabalho por preferirem o subsídio de desemprego, etc..
Por muito grave que seja a nossa situação atual, há, como veremos, ainda mais oportunidades para conseguirmos dar a volta por cima desta crise, na condição de corrigirmos os erros que a provocaram.
Nunca esqueçamos os erros cometidos até os corrigirmos, pois se os não reconhecermos nunca melhoraremos. Já um filósofo disse: uma consciência tranquila é quase sempre o resultado de uma memória fraca.
Se falo em particular no Mar é porque tem sido demasiadamente esquecido nestas últimas duas décadas e meia, de tal forma que ainda há dias vi num jornal a notícia da possível criação de uma marca Portugal e nas bases invocadas não havia qualquer referência ás atividades marítimas que constituíram a mais brilhante contribuição de Portugal para a evolução da civilização mundial.
Vamos então à crise.
Para começar vamos desmitificar, não desmistificar, a palavra crise que parece assustar muita gente, e a propósito, notamos haver pessoas e entidades, com grandes responsabilidades, que neste momento andam muito críticos em relação aos programas de correção do rumo suicida que vínhamos a praticar há cerca de duas décadas, mas que, pelo menos há uma década, tinham obrigação de se manifestarem tanto ou mais como agora fazem, quando os vários governos foram cometendo erros, e não só, que conduziram o País á situação atual. E não o fizeram.
O significado da palavra crise, que se pode aplicar a toda e qualquer evolução seja ela de pessoas, ou de condições de vida de instituições ou outras, tendo como propriedade comum a circunstância de se passar de uma situação melhor para outra pior, ou até muito pior como acontece nos casos de doenças graves.
Ora considerando esta definição, haverá certamente muito pouca gente que na sua vida não tenha tido uma ou mais crises e da mesma forma não há país algum que se possa gabar de nunca ter tido crises e se em alguns casos houve desfechos fatais, como aliás cada pessoa terá sempre uma garantida, na maioria não só se resolveram como por vezes até foram motivadoras de progressos e melhorias civilizacionais. Exemplo da construção naval: quando houve uma crise por falta de árvores próprias para a construção de navios cada vez maiores, desenvolveu-se a utilização do aço. É claro que os países que não tinham aço ficaram sem construção naval competitiva.
O primeiro passo a dar na análise de uma crise é ter a perceção, tão rigorosa quanto possível, das suas causas, pois estas podem ser exteriores às pessoas, isto é, os comportamentos delas em nada influenciaram o desenvolvimento da crise em questão, como é o caso de um terramoto ou da queda de um meteorito ou outro fenómeno natural, ou ao contrário, serem as suas causas os comportamentos dos povos e principalmente daqueles que mais responsabilidades têm na condução dessa sociedade, isto é, na sua cultura, entendendo-se esta como o conjunto de atitudes e de atividades que orientam a vida dos cidadãos envolvidos.
Não se podendo escamotear o facto de que vivendo em regime democrático a população não poder argumentar que os causadores de uma crise são apenas uma meia dúzia de pessoas principalmente quando se verifica haver nas eleições elevadas percentagens de abstenções e ausências de tomada de posição, e estas pelo menos idênticas às que tomam na altura em que rebenta.
O que acontece com as crises é parecido com o que acontece com as ondas do mar: vão se formando pela ação do vento e conforme se aproximam da costa encastelam e já perto da praia, rebentam e por vezes destroem o que estiver à sua frente.
Esta crise está nesta segunda categoria: foi provocada pelos comportamentos errados dos nossos dirigentes, praticamente desde a nossa entrada na CE, e a onda da ineficiência e da falta de competitividade da sociedade portuguesa, personificada na dívida externa, foi crescendo sempre até que …ficou em estado de rebentar; ou seja em termos reais de cairmos em bancarrota, que, como entretanto deixámos de ser minimamente auto-suficientes em alimentação e já o éramos em energia, significaria uma palavra terrível para definir a nossa vida neste caso: miséria generalizada.
Mas as coisas não assim tão simples: na verdade a crise tem duas componentes das quais a mais importante é a interna que além de ser da nossa inteira responsabilidade é estrutural, é cultural e portanto de mais difícil correção.
A segunda componente é conjuntural pois está influenciada pelo comportamento do conjunto de países em que estamos integrados e da própria evolução de toda a humanidade graças à globalização de que fomos os iniciadores e na qual a nossa capacidade de influência é praticamente nula, só nos restando sabermos gerir o nosso país de forma eficiente para nos defendermos das dificuldades, e tirarmos proveitos das oportunidades que estão sempre a surgir mas que exigem ter populações bem preparadas e motivadas, o que não tem sido devidamente conseguido, nesta últimas décadas.
Acontece que esta cultura distorcida e insensata de desprezo pelo trabalho manual em benefício pela utopia dos serviços, sem alguma vez serem explicitados que serviços seriam esses que nos dariam a indispensável sustentabilidade, não foi exclusiva de Portugal, mas também de outros países como a Grécia, a Espanha, a Itália, os E.Unidos, e outros, agravada pelo convencimento generalizado das populações que seria possível prolongar indefinidamente viver gastando mais e tendo mais regalias, os chamados direitos adquiridos, sem garantia alguma de sustentabilidade, mas apenas vivendo do crédito.
Crédito este concedido com a maior leviandade e ganância imediatista por entidades privadas e estatais que assim, durante algum tempo acumularam largos proventos em juros.
Por outro lado não podemos esquecer a enorme mudança demográfica global donde resulta a população mundial estar já nos 7 biliões e a esperança de vida ter-se aproximado dos 80 anos o que significa aumentar a proporção de idosos em relação aos jovens, de tal modo que não só a idade da reforma terá que aumentar mais, como toda a estrutura laboral terá que se alterar pois o paradigma utilizado há 50 anos não é mais válido.
Da mesma forma o paradigma da economia ainda adotado e muito influenciado pela filosofia do finais do século XIX do crescimento sistemático em quantidade está esgotado e terá que ser substituído pelo paradigma da sustentabilidade maximizada sem o qual se adensa a perspetiva da autodestruição.
Infelizmente algumas forças políticas e algumas organizações sindicais não interiorizaram ainda estas realidades e lutam por vezes veementemente contra todas as mudanças indispensáveis em nome de direitos adquiridos, que era, há um século a realidade, mas era, não é agora mais que uma memória histórica de uma luta que foi fundamental para a justiça social e para o progresso da civilização.
Aliás esta situação é idêntica à dos seguidores atuais do neoliberalismo que julgam resolver todos estes problemas sócio-económicos com desregulações, cujos resultados catastróficos estão bem à vista, e com predominância da iniciativa privada e até privatizações muito discutíveis, e mantendo a irresponsabilidade do sistema financeiro baseado no anonimato do capital , e sem apresentarem soluções concretas para eliminar esta irresponsabilidade, o desemprego e a alienação crescente dos jovens e a própria insegurança do país já em tempos por nós, portugueses, experimentada.
Nesta fase da evolução dos povos o fundamental para a humanidade é conseguir sobreviver e isso só é possível na base da sustentabilidade, ou seja da aplicação rigorosa de princípios morais e de gestão eficiente.
Tudo isto que foi apresentado aplica-se certamente a outros países mas devemos concentrar as nossas diligências no nosso país onde vivemos e onde devemos ter influência.
É claro que não podemos deixar de avaliar a “ajuda” que estamos a ter e os seus custos, na verdade os nossos custos, e de ganharmos consciência da forma mais eficiente de nos defendermos, que não é certamente caindo na bancarrota que teremos sucesso. Como o desenvolvimento deste tema ultrapassa os limites desta apresentação fico-me por aqui.
Portanto vamos agora a factos concretos, pois só conversa pode ser excelente para passar um bocado no café, mas resolver os problemas essenciais para sobreviver e viver melhor, só com propostas concretas e sustentáveis se obtêm resultados positivos.
2ª Questão: O que é o mar? e já agora, o que é a marinha?, porque sem marinha, o mar é pouco mais que um espetáculo mais ou menos saudosista e tantas vezes inspirador de obras de arte, um obstáculo e um local para banhos, em especial no verão.
Que me desculpem aqueles que já ouviram algumas comunicações minhas, onde eu venho insistindo nestas definições, mas tendo iniciado esta campanha em prol da marinha e do aproveitamento do mar para o país criar riqueza, já lá vão mais de trinta anos, com muito pouco sucesso, compreenderão facilmente porque insisto tanto. Até poder continuar a fazê-lo ou até o País ter sucesso.
O mar que interessa aqui analisar é o suporte para todas as atividades que se processam utilizando embarcações, e além disto é também a parte do planeta Terra onde existem inúmeras riquezas quer nas suas águas quer nos seus fundos.
A Marinha é constituída pela Armada, pelas Marinhas de Comércio ou Mercante, de Pesca e de Recreio e tendo como acessórias todas as atividades a montante e a juzante ligadas à sua atividade essencial –navegar- e que sempre existiu integrada na Marinha até Julho de 1974 e agora é denominada como o “cluster”do mar, à moda de Michael Porter.
A lista das atividades marítimas passíveis de constituírem meios de aumentar a riqueza nacional é muito longa e neste momento interessa sobretudo aproveitar as de mais rápido retorno enquanto se preparam as bases para, a seguir, aproveitar as outras, se entretanto nos prepararmos, o que só será possível se a nossa população estiver integrada nas atividades marítimas e não, como está agora de costas para o mar, porque, mesmo que queira, não tem acesso ao seu usufruto.
Com efeito ter uma Marinha Mercante pelo menos como tínhamos antes de 1974 exige alterações na nossa sociedade que levam alguns anos a conseguir desenvolver, mas em contra partida temos outras, como a Marinha de recreio e as Pescas que têm possibilidades de se desenvolverem de imediato.
Se houver da parte do Governo Central e dos Autarcas dos municípios com esses potenciais o entendimento desta realidade e das decisões que é indispensável tomar rapidamente.
Com o agravante de que se assim não for feito, não só perderemos os ganhos destas atividades, em dinheiro e em postos de trabalho, mas também estaremos a por em risco sério a nossa capacidade de virmos a aproveitar as riquezas existentes na vasta área do oceano sob nossa jurisdição por ausência de entidades nacionais capazes de o fazer. Tal como aconteceu com os territórios de África do mapa cor de rosa de triste memória.
Devo dizer-vos que em 1984 tive ocasião de apresentar na Academia de Marinha uma comunicação intitulada “O mar nas origens e no futuro de Portugal” onde tudo isto está descrito mas que pouca gente ouviu ou leu, e tirando o excelente trabalho realizado pela Missão encarregada dos assuntos relacionados com a zona do oceano Atlântico a ficar sob a responsabilidade portuguesa, poucos e fracos passos têm sido dados no sentido positivo.
3º Concretizando:
Vou apresentar-vos, como exemplos concretos, uma lista de empreendimentos possíveis de realizar, com fortes ligações ao turismo de máximo valor acrescentado, quase todos para investidores privados e os que não o são no início por razões operacionais, deverão posteriormente ser privatizados ou em certos casos especiais ficarem parcialmente municipalizados.
Tendo em atençã, que do ponto de vista ambiental, todos os exemplos indicados se pressupõe terem qualidade ambiental do mais elevado nível, o que aliás também é essencial para o seu sucesso económico pois, como têm ligação ao turismo só interessam empreendimentos de 5 ou 6 estrelas.
Bem basta o que se passa com a Ria Formosa que continua a ser gerida deficientemente, portanto com baixo nível de qualidade ambiental e consequente baixo nível económico e social.
1-Fecho da Golada na zona do Bugio, com aproveitamento de cerca de 120 ha sobre o cachopo sul, aproveitando para proteger definitivamente a Caparica e a margem direita do Tejo até Paço de Arcos e para melhorar o acesso do canal da barra
2-A construção de uma ilha no cachopo norte, na barra do Tejo, para um empreendimento de 5 ou 6 estrelas, aproveitado para melhorar o canal da barra e proteger a praia de Carcavelos
3-Desenvolvimento do Barreiro como o maior centro náutico do país
4-Dinamização do estuário do Tejo, em particular o Mar da Palha, para a pesca profissional e desportiva ligada ao turismo
5-Marina de Castro Marim com cerca de 2000 postos de amarração, em que parte será para utilização dos munícipes e outra para “resort” de nível 5-6 estrelas
6-Marina em Vila Real de Santo António, na foz do Guadiana, com cerca de 2000 postos de amarração sem imobiliário pois o objetivo é complementar o imobiliário existente em Monte Gordo, que sofre o efeito da elevada taxa de sazonalidade por falta de um equipamento deste tipo e desta dimensão
7- Portos de recreio em Tavira, situados em Cabanas, Santa Luzia, 4 Águas e centro num total superior a 2000 postos de amarração
7-Porto de recreio “off shore” em frente de Vale do Lobo e da Quinta do Lago que sendo empreendimentos de elevado nível têm no entanto a falta deste equipamento para atingirem o grau mais alto da excelência, além do efeito protetor da costa que causa danos e preocupações todos os invernos.
8-Ainda se poderão considerar mais oportunidades, mas não tenho os mesmos pormenores, como seja em Olhão, onde já foi iniciado pelo município este desenvolvimento, bem como o rio Arade, o estuário do Sado, a ria de Aveiro etc.
Estes empreendimentos permitirão a criação de alguns milhares de postos de trabalho diretos e permanentes, quer nas atividades próprias quer nas atividades induzidas, além dos implicados na construção cujo setor atravessa uma situação muito díficil neste momento.
Além dos efeitos na economia e na participação da população nas atividades marítimas, também há a considerar o efeito psicológico porque se trata de uma abertura de novas oportunidades e não de fechos ou cortes, pois embora sendo estes necessários é essencial haver a contrapartida de factos futuros positivos.
Lisboa, 16 de Novembro de 2011
José Carlos Gonçalves Viana
Publicado nos Cadernos Culturais de Telheiras nº5/ Outubro 2012
Maio de 2012-1ª notícia
Na ilha de Baleizar, famosa pelas suas reservas minerais o Sultão Ben-Viziber recebe um relatório elaborado por um grupo de cientistas internacionais em que é demonstrada a decadência que se verificará num prazo inferior a vinte anos e que significará a impossibilidade de manter a sua população de cerca de 500 000 almas tal como aconteceu até agora.
Setembro de 2012-2ª notícia
O Sultão de Baleizar, após escolha realizada a nível internacional encomenda a empresa de consultadoria o estudo da solução para o problema da sobrevivência do seu povo.
Abril de 2013-3ª notícia
Os consultores entregam o estudo para a evolução de Baleizar: encontraram um país com condições excepcionais para ser receptáculo de iniciativas que permitam a deslocação desta população para lá dentro do prazo estipulado, pois será necessária uma fase de preparação desde a aprendizagem da língua até às diversas profissões propícias à sua integração na sociedade local, passando obviamente pelas suas actividades culturais mais relevantes como seja o futebol e a música
Dezembro de 2017-4ª notícia
No relatório de um banco privado português em grande expansão nestes últimos anos figuram algumas informações que passamos a transcrever:
“Portugal apresenta o maior aumento do PIB verificado na OCDE, simultaneamente com elevado crescimento das exportações e do turismo de qualidade em grande parte devidos ao trabalho realizado pelo pessoal especializado que foi possível recrutar do estrangeiro.
Quanto ao Banco Habitação e Progresso, hoje o maior do País, conseguiu dinamizar o mercado imobiliário e, simultaneamente através de acções de mecenato, excelente ligação às Autarquias e de motivação directa favorável ao investimento produtivo, provocar o aparecimento de uma nova vaga de gestores dotados com grande capacidade técnica e principalmente com princípios essenciais de serviço público que transformaram radicalmente o clima de trabalho, incluindo a preparação técnica dos trabalhadores, e de investimento no País.
Está prevista durante a sessão de fim de ano da Confederação das Empresas Portuguesas a condecoração pelo Senhor Presidente da República do Presidente do B.H.P. Sr. Ben-Viziber pelos serviços prestados sendo-lhe conferida também a qualidade de cidadão honorário português.
Nota final: depois de porfiadas pesquisas conseguimos ter acesso a um extrato das conclusões do relatório dos consultores em que estavam indicadas as condições que foram consideradas mais importantes para a escolha de Portugal como o país mais propício para os objectivos do sultão Ben-Viziber que transcrevemos a seguir:
“Do ponto de vista religioso os portugueses toleram tudo desde que isso não lhes dê trabalho nem confusões.
Trata-se de um país com bom clima, excelente posição geográfica (que muitos portugueses consideram periférica por simples preguiça ou ignorância), vivendo em democracia, com enorme parque imobiliário desaproveitado, com população envelhecida, com baixíssima taxa de natalidade porque as gerações novas não aceitam ter filhos para não prejudicarem as suas atividades lúdicas e/ou as suas carreiras profissionais além do poder político dar mais incentivos ao aborto que à natalidade. População esta muito pouco ativa politicamente, exceto na realização de manifestações não violentas em ruas e greves em transportes públicos, dominada por uma elite obcecada pelo imediatismo e pelo mediatismo, totalmente adversa a investir em tudo o que seja a prazos mais longos que um a dois anos, e que por isso tenta vender o seu património rapidamente para endireitar as contas públicas sem pensar no futuro.
Além disto tem prazos enormes para as decisões relativas a investimentos produtivos e existem vários entraves ambientais, exceto quando são obras pouco ou nada úteis e até desnecessárias, como é o caso das autoestradas e centros comerciais, estádios de futebol, bairros com baixíssima qualidade urbanística, etc.,etc..
No entanto tem alguns centros de actividades muito dinâmicos o que indica potencialidades interessantes e aproveitáveis e grande parte da população está ávida de ter oportunidades concretas, o que tem faltado em quantidade e qualidade suficientes.
Tem uma taxa de desemprego que adicionada a muitos empregos de baixo valor acrescentado é elevada o que indicia deficientes estruturas empresarial e laboral que poderão ser alteradas aproximando-se de sistemas mais eficientes desde que haja chefes empresariais habilitados e uma estrutura estatal menos pesada e mais operacional.
Também se verifica haver uma estrutura autárquica muito pouco eficiente e penalizadora da competitividade global, dada a escassa dimensão da maioria das autarquias ser insuficiente para garantir a sua viabilidade principalmente porque vão deixar progressivamente de depender tanto do Governo Central do ponto de vista financeiro e se terem mostrado incapazes de se associarem voluntariamente de forma a ganharem eficiência, ficando-se pela lamentação de não haver uma desejada, embora mal conhecida, regionalização ou reestruturação.
Esta situação cria condições para a conquista de poder autárquico e assim permitir a dinamização de inúmeras iniciativas até agora impossibilitadas pelos condicionalismos vigentes.
Uma das actividades que mais desprezada tem sido é a Marinha Mercante e a de Recreio que só por si permitirá a criação de cerca de algumas centenas de milhar de empregos novos diretos além dos que serão induzidos em outros sectores, principalmente no turismo de qualidade no qual têm sido mal aproveitadas as grandes potencialidades do País.
Outros campos de elevado potencial são o do ordenamento do território e da sua relação com o sistema de transportes que tem sido desde há muitos anos bastante maltratado, o da gestão das águas e a da energia e o da produção de bens alimentares como a agricultura e a pesca que estão ambas muito mal aproveitadas principalmente pelo estrangulamento resultante do excessivo peso de influência política dos intermediários e da pouca motivação empresarial.
No entanto estando Portugal na Europa será possível corrigir alguns destes obstáculos ao desenvolvimento com o apoio europeu, desde que seja corretamente tratado.”
Lisboa, 15 de Janeiro de 2018”
José Carlos Gonçalves Viana
2012-07-26
Publicado nos Cadernos Culturais de Telheiras nº5/Outubro 2012