Terça-feira, 26 de Março de 2013
Um diálogo de surdos com péssimo resultado para o País

O diálogo a que assisti pela TV entre o Chefe do Governo e o Chefe da Oposição a culminar outros a que temos assistido recentemente provocou-me duas reações que passo a explicar: uma quanto aos chefes envolvidos, outra relativa ao corte dos 4 milhões.


Começando pela segunda, a questão que se levanta é: quais cortes?


Não parece haver qualquer dúvida que o nosso Estado tem sido, não só agora mas desde há vários anos, mais gastador em obras e em pessoal improdutivo, e portanto mais ávido na coleta de impostos do que é admissível para o desenvolvimento económico e social, pois tudo o que é gasto sem ser produtivo e sem fazer parte das obrigações estatais é puro parasitismo.


E isto é verdade para todo o Estado quer sejam os serviços dependentes dos Órgãos de Soberania centrais quer seja relativo às Autarquias.


E todos eles, e as Autarquias em particular, podem reduzir quase totalmente os tais 4 mil milhões, transformando os gastos improdutivos em empreendimentos produtivos na agricultura, no turismo e nas indústrias correlativas a curto prazo e em outras atividades que exigem mais tempo e a existência de empresas de maior porte que levam mais tempo a desenvolver.


Além disto ainda há a acrescentar a mudança que é preciso conseguir na sociedade civil, onde se desenvolveu durante este período elevado número de intermediários e de recebedores de subsídios em vez de produtores de bens ou de serviços úteis, bem como se estimulou os jovens a serem doutores improdutivos e se desprezou o trabalho produtivo.


Portanto quando se fala das gorduras do Estado certamente se está a apontar para esses gastos improdutivos e portanto consumidores de fundos que deveriam ser utilizados no desenvolvimento do País e se devem incluir as reformas a fazer quanto a esses hábitos perversos da sociedade em geral. E também na redução dos impostos que tanto oneram a vida dos cidadãos e das empresas.


Aliás ainda há outras pressões contra o desenvolvimento oriundas das corporações que muitas vezes defendem os seus interesses de forma oposta aos do País e dos cidadãos em geral, aumentando as despesas destes para além do razoável e quantas vezes usando a justificação dos direitos adquiridos, tal qual faziam os antigos empregadores quando se iniciaram as lutas sociais, diga-se de passagem que foram essenciais para nos aproximarmos de melhor equilíbrio e justiça social, esquecendo o princípio vital dos organismos vivos que permanentemente têm que se adaptar às mudanças constantes da realidade.


Adaptação esta que se não for corretamente feita conduz sempre, como se sabe pela História da humanidade, ao desaparecimento das sociedades que não sabem governar-se.


Quem tem experiência empresarial sabe que estes esforços de adaptação implicam reorganizações de variadíssimos tipos em que é essencial a elaboração de planos de trabalho, não só muito bem estudados mas principalmente muito bem conduzidos, pois têm que resolver questões do foro financeiro e económico mas as principais são relativas às pessoas que devem ser envolvidas no processo e sem as quais nada pode resultar de positivo.


Mas um processo destes precisa, para ser completado, pelo menos quatro a cinco anos e como devia ter sido iniciado com esta legislatura já temos dois anos perdidos, mas ninguém deve ter a veleidade de pensar que será possível termos desenvolvimento sustentado sem o realizarmos.


Portanto este espetáculo de os chefes dos dois principais partidos políticos, que aliás foram os maiores responsáveis pela nossa situação atual, pois ocuparam sempre os nossos Órgãos de Soberania nas duas últimas décadas, passarem o tempo a discutir os cortes dos 4 mil milhões, mas sem qualquer deles apresentar de facto quais as reduções nos tais gastos improdutivos, é mais que lamentável e desanimador.


E desculpem-me a insistência, gastos improdutivos esses que são impeditivos da sustentabilidade da nossa economia e do nosso estado social, tal como desejamos e que impeça a extinção da Nação portuguesa que resultará fatalmente se não for corrigido o rumo em que temos vivido.


E quando a população não está a ser informada convenientemente do que se pretende fazer e como se fará, aumentará a desconfiança geral nos políticos e as manifestações recentes deverão ser suficientes para que os responsáveis partidários reconsiderem as suas atuações.


Quanto aos chefes em questão apenas quero chamar a atenção para a palavra “chefe”, porque sendo a Chefia de qualquer entidade social a principal responsável pelo seu comportamento e pelos resultados da sua gestão, quem ocupa tais funções tem que entender que um chefe para ter sucesso também tem que ser líder, pois sem liderança real não conseguirá praticar a gestão em conformidade com os princípios essenciais como são exemplos o distinguir o essencial do acessório, o haver sempre responsáveis e tomar as decisões efetivas e oportunas, além doutros.

 

Se estes chefes não tiverem sucesso na sua liderança partidária, os seus partidos deixam de ser parte da solução para serem parte do problema, aumentará o absentismo eleitoral, a contestação na rua, e o atraso na recuperação do País.


 Pelo menos.


Lisboa, 8 de Março de 2013

Publicado no DN em 26 de Março de 2013

 



publicado por JoseViana às 12:31
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Terça-feira, 5 de Março de 2013
O Portugal dos pequeninos

 Não vos vou falar do parque com este nome que existe em Coimbra. E se fosse seria para louvar e recomendar uma visita.


Vou antes apresentar uma visão do nosso País onde todos os dias há mais desemprego e havendo potencialidades concretas para a criação de postos de trabalho, que é a única solução para remediar esta praga social que é o desemprego, não se nota quer nos políticos quer na sociedade civil uma vontade de concretizar realizações para combater este flagelo.


De vez em quando, infelizmente poucas vezes, lá aparece um Governante a anunciar um investimento, quase sempre estrangeiro, de algumas dezenas de milhões criando algumas dezenas de postos de trabalho, muito raramente se houve a palavra centena.


Por outro lado a sociedade civil, onde felizmente ainda há exemplos de sucesso que naturalmente são essenciais quer pela sua contribuição para a nossas exportações ou diminuição de importações quer pelo ânimo que dão, pois demonstram que temos capacidade para produzir, mesmo com todas as dificuldades de enquadramento conhecidas, mas ainda mal combatidas, continua a mostrar-se pouco dinâmica e demasiadamente dependente do estado.


Aliás como se pode notar pelo que se passa no turismo que continua a desprezar a enormes potencialidades das atividades náuticas.


Ora ninguém pode duvidar de que se quisermos resolver as dificuldades existentes no nosso estado social temos que cumprir dois princípios essenciais:


1º-sermos competitivos, isto é, tanto o estado como a sociedade civil investirem preferencialmente em empreendimentos produtivos e


2º- sermos austeros nos gastos de forma a não nos endividarmos como aconteceu desde o início da década de 90 até ao despoletar da crise atual.


3º-sermos  dinâmicos e aproveitarmos todas as potencialidades que permitam criar postos de trabalho a curto prazo sem descurar a preparação do que fazer a seguir.


Para que isto seja possível temos que ter um Estado que seja eficiente nas suas funções sociais, de regulação e de decisão e assim possa baixar o nível dos impostos e  uma sociedade civil que tenha iniciativa, capacidade de realização e patriotismo.


E todos eles deixarem de pensar e agir em escala reduzida.


Na verdade depois da revolução de 74 houve um ataque feroz à iniciativa privada com especial enfoque nas empresas grandes o que provocou o desaparecimento de algumas empresas deste tipo com natural vantagem para os interesses estrangeiros no País e na impossibilidade de se desenvolverem atividades essenciais que exigem empresas de grande dimensão.

Assim não só perdemos atividades como a marinha mercante, metalomecânicas, e outras como estamos a entregar a capitais estrangeiros atividades essenciais à nossa independência e a impossibilitar o futuro aproveitamento das riquezas existentes nos nossos territórios marítimos.


Tudo isto porque a nossa elite política mostra não conseguir deixar de pensar em pequenino pois só se fala nas pequenas e médias empresas e cada vez mais as grandes vão sendo estrangeiras.


E quando quase todas as grandes empresas forem estrangeiras passamos a ser um país colonizado da forma moderna, isto é, em auto-colonização, o que aliás muitos dos nossos municípios já vinham praticando quando construíram grandes centros comerciais e destruíram a estrutura comercial local.


Mas a maleita da pequenez que se confunde muito com a mediocridade também afeta algumas entidades como por exemplo as ligadas ao turismo e à náutica onde se verifica aparecerem propostas de desenvolvimento baseadas na extrapolação de estatísticas o que conduz estas entidades a propor crescimentos de percentagens idênticas às do período anterior, em que pouco ou nada se fez de jeito, em vez de terem em conta as potencialidades quer do nosso crescimento quer das oportunidades internacionais que a sua pequenez de pensar não lhes permite ver.


E assim vamos andando com muitas reuniões, colóquios, estudos e planos nacionais, que diga-se de passagem nenhum país europeu desenvolvido jamais fez, embora continuemos a ser nestas áreas o mais atrasado da europa ocidental.


Só não somos pequenos quando se trata de factos inconvenientes como são exemplos algumas concessões em pontes e estradas e alguns atropelos como o do CCB pois quando o Governo decidiu fazê-lo, e onde já gastou muitos milhões de euros, já havia um projeto privado aprovado pela CM de Lisboa.


 Havemos de concordar que não é assim que se promove a iniciativa privada.

 

Nem recuperar a economia, a segurança e o bem estar dos portugueses.


Lisboa, 25 de Fevereiro de 2013

 

Publicado no DN em 5 de Março de 2013



publicado por JoseViana às 13:58
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