Quarta-feira, 27 de Agosto de 2014
O futuro próximo de Portugal: o sonho e a realidade

O futuro das pessoas, das famílias, das empresas e dos países acontece pela conjugação de factos exteriores, uns propícios outros perversos, e das ações praticadas por elas que tenham consistência para poderem ser influentes na luta pela sobrevivência e pelo desenvolvimento, ou seja viver com melhor nível. 

 

Não podemos esquecer que a realidade é constantemente alterada e a vida é caracterizada pela sua permanente mudança. As ideias de estabilidade, fáceis de explicar em engenharia, não podem ser aplicadas à vida sem grandes cuidados e muito bom senso, pois tudo o que signifique quebra na capacidade de adaptação está certamente a contribuir para o empobrecimento e até para a ruína rápida ou a prazo.

 

Basta recordar que a nossa população em poucas dezenas de anos perdeu cerca de um milhão de jovens e ganhou mais de um milhão de idosos mas como a alteração foi gradual os nossos responsáveis nada fizeram atempadamente para tratarem esta questão corretamente. E houve muitas outras mudanças…

 

A História apresenta-nos inúmeros exemplos desta constatação e curiosamente alguém já afirmou que infelizmente também nos ensina que a maioria das pessoas pouco ou nada aprendeu com ela.

 

No entanto verifica-se que a evolução das quatro entidades a cima indicadas foi sempre baseada em progressos tecnológicos produtivos e o que aparece escrito sobre isso é sempre posterior e não há memória de desenvolvimento que se tenha produzido em consequência de conversas e publicações mas sim a partir de projetos concretos e oportunamente realizados por pessoas decididas e empreendedoras.

 

Posta esta introdução e seguindo o princípio fundamental da estratégia, que se deve iniciar sempre tomando consciência donde estamos e definindo para onde queremos ir, vejamos agora qual é a nossa situação:

 

- atingimos um nível de riqueza tão baixo como o que tínhamos há cerca de um século,

 

 

-temos mais liberdade mas limitada dado que apenas substituímos uma ditadura por uma ditamole e não por uma democracia plena,

 

- desenvolvemos hábitos de vida com melhor nível à custa de dinheiro emprestado que estamos a pagar com grandes sacrifícios,

 

- destruímos grande parte da nossa estrutura empresarial e só tratamos das PMEs esquecendo um dos princípios da nossa Constituição que implica garantir a nossa independência a qual só é sustentável com empresas de porte coerente com os interesses nacionais, aliás sem elas as riquezas potenciais do nosso mar estarão irremediavelmente perdidas,

 

-desenvolvemos um Estado com uma estrutura pesada onde predomina um número excessivamente elevado de postos de trabalho pouco ou nada produtivos proveniente da influência de alguns dos principais partidos políticos conforme se pode verificar analisando a composição dos vários Órgãos de Soberania e das Autarquias,

 

-desenvolvemos uma economia dirigida nos moldes anteriores a 74 e onde os intermediários são protegidos e os produtores e os consumidores são prejudicados,

 

-destruimos a nossa Marinha, reduzindo-a à Armada e pouco mais, que foi desde os tempos da fundação da nacionalidade a base essencial do nosso desenvolvimento e da nossa independência, baseados em critérios economicistas e de total ausência de visão estratégica,

 

Curiosamente o documento assinado por Portugal e pela “Troika” que permitiu emprestarem-nos o dinheiro que precisávamos para sobreviver porque já tínhamos perdido toda a nossa capacidade de crédito, inclui a correção de quase todos estes desvios governativos que foram praticados nos últimos 40 anos, mas em vez disso enveredámos pela política desastrada dos cortes mais fáceis de executar sem ofender os interesses criados nas hostes partidárias instaladas naqueles postos de trabalho improdutivos.

 

O Estado Novo teve um projeto que falhou como se constatou quando em 74 acabou, aliás como era previsível.

 

E basicamente porque não foi capaz de evoluir para a democracia nem de se adaptar aos conceitos modernos da gestão do seu património colonial a que se limitou a chamar ultramarino.

 

De então para cá não voltámos a ter qualquer projeto para o País mas apenas desejos de prosperidade não acompanhados das ações concretas que permitissem convertê-los em aumentos de produção e portanto de riqueza real devidamente sustentada.

 

E assim continuamos sem qualquer proposta sequer de um projeto de facto nacional, antes pelo contrário, em lugar disso tudo o que é essencial à independência do País, como os transportes, a energia, as comunicações, a água, etc vai sendo vendido a interesses estrangeiros esquecendo completa e indesculpavelmente a experiência que tivemos durante a guerra de 39-45 que levou, por exemplo, à criação da Sacor e ao decreto 100 que originou o desenvolvimento da nossa Marinha Mercante.

 

 

O sonho de muitos portugueses é sair desta crise mas a realidade que têm à sua frente é ficar tudo na mesma porque aqueles que dizem discordar do caminho que temos trilhado e que se apresentam como a próxima alternativa democrática nada de concreto apresentam para a solução desejada.

 

 

Ou será que ainda vão apresentar uma solução a sério?

 

Lisboa, 27 de Agosto de 2014

José Carlos Gonçalves Viana

 

 



publicado por JoseViana às 18:20
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