Carta aberta aos órgãos de comunicação social e aos eleitores
Antes de 25 de Abril de 74 a comunicação social estava controlada e não havia qualquer controlo real da ligação entre o Poder vigente e a população além do que é normal numa ditadura, mesmo que não fosse tão rígida como a de Hitler ou a de Estaline.
Mas após esta revolução verificou-se haver nas eleições que passaram a ser livres enorme abstenção, sinal do desinteresse da população pela vida do País e pela sua própria vida pessoal e ainda ter havido ao longo do tempo abaixamento do nível da atividade dos participantes nos lugares constituintes dos Órgãos de Soberania donde resultaram gravíssimas consequências quer para a vida da população (como foi a vinda da Troika) quer para o País ( como foi a destruição sistemática da nossa independência e da nossa identidade) reduzindo-se a gestão nacional como se se tratasse de uma simples tesouraria.
E isto refere-se principalmente ao período de 1985 a 2015 ou seja os últimos trinta anos, pois se me não falha a memória nas primeiras eleições após Abril de 74 a abstenção foi de 8% da população…
No entanto a lua de mel foi de curta duração e a abstenção cresceu rapidamente para valores próximos de metade dos eleitores até que perto de 85 começámos a ter maior estabilidade governamental e aproximação crescente com a Europa o que permitiria o desenvolvimento económico e social naturalmente dinamizando as empresas e a população para aumentarmos a nossa produção e a nossa riqueza.
E não faltaram fundos para os investimentos, produtivos é claro, que era preciso realizar, pois neste período entraram no País mais de 300 000 milhões de euros de subsídios europeus e empréstimos ao Estado, às empresas e aos cidadãos mas a produção nacional ficou praticamente na mesma o que significa que a maior parte desta verba não foi aplicada em investimentos produtivos mas em aquisições e despesas e provavelmente desvios que em nada contribuíram para produzir riqueza para o Estado e para a população.
E tudo isto sucedeu com Órgãos de Soberania eleitos livremente, é certo só por uma parte da população, e com uma Comunicação Social livre e sem Censura prévia.
No entanto passados todos estes anos a situação continua a piorar conforme está descrita em comunicações e artigos de vários autores incluindo eu próprio e portanto não vos vou roubar mais tempo com o passado e passo assim para o assunto atual.
É notório o desinteresse da população pelos problemas e respetivas soluções mais importantes para um melhor futuro do País, pois não tenho qualquer dúvida que uma parte substancial do futuro seja de quem for depende sempre dos protagonistas e portanto é essencial contribuir para essa participação que se pretende seja persistente, bem informada e mais proativa que reativa, como tem sido costume . O que só se torna possível com a ação eficaz da Comunicação Social e a participação ativa dos eleitores.
Mas tenho verificado que esta, a CS, não tem dado a atenção que julgo devida tanto a alguns temas essenciais como à pouca participação popular que já há muitos anos levou Aquilino Ribeiro a dizer que os Portugueses eram uns estassemarimbadistas.
Assim venho sugerir a Vexas (Dirigentes dos OCS) a criação de espaços diários reservados pelo menos a três temas em que seriam apresentadas análises, soluções, críticas elaboradas em parte por colaboradores seus e parte por convidados e participantes interessados.
1ºTema: Reforma estrutural do Estado.
2ºTema: Melhoria do enquadramento produtivo das empresas desde o capital até ao operacional pois a elas compete a criação de postos de trabalho e de riqueza.
3ºTema:Projetos concretos a desenvolver e a acompanhar, com o escrutínio dos Governantes e Autarcas envolvidos para esclarecimento das razões para os atrasos, as omissões e os desvios verificados.
Isto criaria mais interesse na aquisição de participantes e mais desenvolvimento na população hoje mais ainda do que em tempos atrás, desiludida com os políticos e com as personalidades colocadas nos lugares mais importantes da sociedade e daria à nossa democracia o vigor que tanta falta lhe faz.
E estando nós em plena campanha eleitoral a oportunidade parece ser excelente.
Assim seja.
Lisboa, 20 de Abril de 2015
José Carlos Gonçalves Viana