A forma como tem evoluído esta crise europeia, alguns artigos publicados em jornais e muitas declarações a que assisti na TV provocaram a necessidade de eu também participar nesta espécie de circo.
Para começar recordo-me de nas duas vezes que precisei de recorrer a crédito, além de pouca utilização de compras a prestações, tive que provar ter condições de pagar a curto prazo o empréstimo realizado. O que aconteceu.
Agora nesta dita crise europeia “de repente” aparece a Grécia com uma dívida enorme e simultaneamente também enorme descrição de desvarios da gestão deste país que originaram esta trágica situação que logo várias sumidades da economia previram poder causar grande perturbação na Comunidade Europeia e até provocar a saída deste país dado o seu comportamento, dos políticos aos cidadãos, ser incompatível com as normas rigorosas seguidas por esta comunidade.
No entanto analisando os acontecimentos ocorridos nestes últimos vinte anos podemos recordar os volumes elevados de fundos que foram enviados por ela para os países agora mais afligidos pela crise para ajudar o seu esforço para se reorganizarem de forma se aproximarem dos níveis dos outros mais avançados e os elevados empréstimos com que esses mesmos países se iam comprometendo teoricamente com esse mesmo objetivo.
No entanto verificava-se ano a ano que o seu PIB não melhorava, as tais reformas não se faziam e os défices cresciam sistematicamente. Em Portugal, por exemplo, se a Constituição fosse cumprida no que respeita à obrigação dos Órgãos de Soberania zelarem pela soberania e pela independência do País, os Orçamentos do Estado deste período não deveriam ter sido considerados constitucionais pois a evolução da nossa economia ia declaradamente contra aquela obrigação constitucional.
Mas os atuais credores, agora tão zelosos no cumprimento das regras, foram emprestando sempre mais e obviamente também cobrando os respetivos juros que entretanto os tais países mal governados iam pagando, com a natural satisfação das entidades credoras onde parece terem os seus responsáveis tido boas recompensas pelos lucros obtidos.
Entretanto em 2008 rebenta uma crise, não só europeia mas mundial, em grande parte consequência de todo este ambiente desregulado e à mercê dos grandes especuladores, que acelera a queda fatal daqueles que tinham perdido o rumo correto da sua vida económica e se tinham deixado embalar pelo dinheiro fácil.
Portanto esta fatalidade neste momento dita grega e que se for mal resolvida poderá ser seguida por uma fatalidade portuguesa, e eventualmente outras mais, é principalmente também europeia porque a responsabilidade dela ter acontecido é da Europa que não foi capaz de assumir eficazmente a sua existência como comunidade e não apenas como uma coleção de países com alguns acordos entre si.
Lisboa, 27 de Junho de 2015
José Carlos Gonçalves Viana