Ontem, domingo, fui a Tavira e vi finalmente as obras realizadas nas Quatro Águas e daí resultou este desabafo porque as pude apreciar.Mas antes de vos apresentar os meus comentários, i.e., o dito desabafo, quero esclarecer dois ou três pontos que julgo essenciais para que ele seja melhor entendido: as Quatro Águas é um local situado na Ria Formosa que é uma zona lagunar em que deve ser evitado o uso do betão e da pedra porque o excesso de peso afeta o equilíbrio do solo, isto portanto do ponto de vista ambiental, depois do ponto de vista económico e social a Ria Formosa tem um potencial de criação de postos de trabalho sustentado em atividades náuticas o que implicaria não só manter a rampa de acesso ao mar mas até melhorá-la e organizar inteligentemente a movimentação e o estacionamento dos respetivos veículos e por último é essencial reduzir o acesso de automóveis apenas aos utentes das atividades náuticas e dos restaurantes e por último o princípio da gestão eficiente de gastar apenas o que for essencial.
Dito isto, o que fui encontrar?
Uso de betão e de pedra não só a mais onde talvez fosse preciso mas em quase todo o local onde não era preciso. Seria excelente que os responsáveis por estas decisões visitassem as zonas lagunares em Inglaterra para aprenderem a forma correta de tratar estas questões. Além disto o desenho das esplanadas sem qualquer respeito pela segurança dos seus utentes e a utilização de materiais caríssimos, de duvidosa duração e descabidos para uma zona lagunar, demonstra carências cognitivas graves em qualquer circunstância mas gravíssimas na atual situação.
Entretanto o desprezo pelas atividades náuticas patente deveria ter sido objeto da mais veemente oposição dos Tavirenses pois elas são certamente as mais promissoras para a recuperação económica deste Município, embora neglicenciadas desde longa data pelos seus responsáveis autárquicos que sempre recusaram tomar as decisões corretas.
Por último a ausência de organização dos parques de estacionamento e do trânsito automóvel e do acesso à praia da ilha. E tudo isto perante o silêncio e a passividade dos Ministérios do Ambiente e da Economia.
Os responsáveis pelas decisões que originaram não só os gastos excessivos e não permitiram a criação de inúmeros postos de trabalho, nas circunstâncias atuais em que milhares de portugueses passam fome, deveriam no mínimo ser despedidos dos seus cargos já que a nossa justiça ainda não tem meios para os colocar no lugar para onde vão os que não cumprem a Constituição e prejudicam a população.
Lisboa, 14 de Março de 2016
Ontem houve um Conselho de Ministros dedicado ao Mar e onde foi homenageado o Presidente da República cessante Prof. Aníbal Cavaco Silva de que ainda não conheço o que foi decidido exceto as razões para esta homenagem.
E recordo-me dos estragos provocados à Marinha Portuguesa, entenda-se ser esta constituída pela Armada e pelas Marinhas de Comércio, das Pescas e de Recreio, durante os governos por ele presididos como, por exemplo, foi a proibição de uma empresa estatal ser sócia maioritária do Porto de Macau, idem de um empresa de navios de cruzeiros, a destruição posterior dessa mesma empresa, o atropelar de um projeto já aprovado pelo presidente da Câmara de Lisboa denominado Naus de Lisboa para construir o Centro Cultural de Lisboa.
E entretanto nada foi feito para recuperar e desenvolver estas três Marinhas civis só se falando sobre a economia do Mar mas esquecendo a verdade de que o Mar, para Portugal sem Marinha, não é mais que paisagem, e os seus interesses económicos serem entregues a estrangeiros como aliás aconteceu nestes últimos anos com várias atividades essenciais para a independência nacional.
Há mais de vinte anos que há projetos concretos que criariam milhares de postos de trabalho muitos deles com importante componente exportadora que esperam nas gavetas de Governantes e/ou Autarcas por uma decisão e nunca vi da parte do Prof. Cavaco Silva qualquer manifestação de interesse pelas decisões a tomar.
Provavelmente, como diria um ilustre cronista da nossa comunicação social, a homenagem resultou da alegria de o ver partir…
Lisboa, 04 de Março de 2016