Há dois ou três dias assisti na TV à afirmação do nosso deputado europeu Prof.Dr. Carlos Zorrinho de que se iria construir mais uma barragem para assim se melhorar a nossa produção energética. Em princípio pareceria ser uma decisão correta mas analisando mais cuidadosamente a conclusão poderá não ser assim tão correta.
Em primeiro lugar há que ter em conta que uma barragem tanto pode ser para produzir energia como para melhor gerir a água e no caso de Portugal em que as perspetivas quanto à diminuição das precipitações particularmente no sul são preocupantes, e se não são deviam ser, a prioridade deveria ser a gestão da água até porque sem energia se pode viver com aconteceu com a humanidade durante séculos mas sem água só alguns, poucos, dias.
Ainda por cima nunca desenvolvemos a reciclagem das águas residuais nem aproveitamos as águas provenientes da precipitação nas áreas impermeabilizadas, nem cuidámos devidamente de canalizar as águas da precipitação para os caudais subterrâneos, nem se conhece qualquer plano concreto para nos prepararmos para as dificuldades que se sabe serem garantidas.
Por outro lado o cidadão português que paga uma energia das mais caras na Europa fica perplexo perante os lucros da EDP que ele julgava ser uma empresa cujo objetivo principal deveria ser a independência da nossa produção energética (que era e é tecnicamente possível) e contribuir para a competitividade do País através de um preço mais baixo.
Portanto estamos perante dois erros de gestão:
1º sendo a água muito mais importante que a energia e estando ameaçado o seu fornecimento escolher a energia em vez da água é não distinguir o essencial do acessório (que é um dos princípios da gestão eficiente)
2º não tendo surgido nenhum protesto pelo responsável nacional pela água, provavelmente porque não há, incorre-se assim no incumprimento de outro princípio da gestão eficiente que é de que tem que haver sempre responsável principalmente para tudo o que é mais importante.
E assim se chega à situação lamentável de aparecer na TY um Professor de Gestão com importante posição na hierarquia do Poder Político a cometer aqueles erros crassos de gestão e ainda por cima perante a indiferença total da comunicação social.
Lisboa, 31 de Maio de 2016
José Carlos Gonçalves Viana