Quinta-feira, 1 de Junho de 2017
Turismo: atividade económica só para clientes ricos?

Definição de turismo: atividade económica global e sistémica em que em vez do produto ser levado ao cliente é este que é levado ao produto.

Portanto os produtos turísticos têm um potencial de utilização global que vai da gastronomia a todas as artes, da contemplação de paisagens até a cuidados da saúde, de descanso à prática de desportos vários, enfim tudo o que merecer a alguém a sua atenção. Assim toda a sociedade onde se situa esse produto acaba por ser afetada, tenha ou não alguns proveitos dele derivados, o que justifica ainda mais o seu caráter global e sistémico.

Ora como todas as nossas atividades devem ser sustentáveis e se assim não for a nossa existência estará condenada, o turismo também tem que ser sustentado o que significa a imposição de normas rigorosas para a sua estruturação, que evite a repetição de tolices como o Sol e Praia de tristes e péssimas consequências.

Com efeito imaginemos, por exemplo uma reserva natural, como temos ainda bastantes e que dadas as suas características atrai muitos visitantes: aqui está um produto em que se verifica haver muito mais clientes potenciais do que é possível satisfazer.

Por outro lado os custos de manutenção e de preservação tendem a aumentar principalmente para evitar as atividades clandestinas e convém recordar que ao contrário dos produtos industriais, que se podem produzir em enormes quantidades, aqui os limites do número de clientes é sagrado. O que significa que vamos ter um produto escasso com muitos pretendentes o que acarreta, pelas leis da oferta e da procura, um valor unitário muito elevado.

O que naturalmente é o que as populações locais devem desejar pois os seus rendimentos deverão ser assim beneficiados direta e indiretamente. Donde resulta obviamente que só os ricos poderão ser a maioria dos clientes do turismo sustentado.

Há algumas dezenas de anos fui confrontado com bastante dureza por ter afirmado que o cliente ideal do nosso turismo era o cidadão rico pois se achava que toda a gente tinha o mesmo direito ao consumo do produto turístico porque não se entendia que era um produto económico e se confundia com o direito social de todos os cidadãos terem férias e portanto ser objeto de medidas estatais que permitam exercê-lo. E foi numa época em que um responsável nosso em confronto com um sueco queria acabar cá com os ricos e o sueco queria acabar lá com os pobres!

Assim há aqui obviamente um choque entre a racionalidade económica da qual depende a nossa subsistência em geral e a melhoria do nível de vida de toda a população que só se poderá resolver com a aplicação de sistemas de gestão autárquica eficientes do ponto de vista da sustentabilidade global que ainda não há. e de forma a maximizar os lucros de todos e não apenas de alguns.

Lisboa,1 de Junho de 2017        José Carlos Gonçalves Viana



publicado por JoseViana às 19:00
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