Terça-feira, 18 de Julho de 2017
A austeridade e as confusões a evitar

Muito se tem ouvido falar dos malefícios causados pela austeridade que terá sido imposta ao País depois da crise que obrigou a ficarmos dependentes de dinheiro e de decisões de entidades estrangeiras e embora isso tenha acontecido em 2011 agora continuamos a atribuir-lhe, à austeridade é claro, muitas das nossas dificuldades operacionais.

Mas para podermos iniciar este apontamento, que se pretende seja austero, deveremos consultar o dicionário para se assentar no significado desta terrível palavra: qualidade ou caracter de austero, comedimento, critério, despojamento, equilíbrio, frugalidade, método, modéstia, ponderação, prudência, reserva, rigor, sensatez, sobriedade, virtude…

Assim a austeridade parece ser algo bastante bom para se praticar e convém portanto analisar melhor o enquadramento da “austeridade” que se diz ter sido praticada.

Para começar a dita crise, que há quem diga de 2008, começou a ser desenvolvida logo durante a década de 80 quando se tomaram decisões influenciadas pelo neoliberalismo e pela prática de gestão pouco eficiente sem consideração pelos objetivos relacionados com a independência e a sustentabilidade do País portanto contra o que está estabelecido na Constituição, e obviamente apoiada pelo Bloco Central.

Daqui resultou a destruição de várias atividades empresariais quer em indústrias quer nos transportes marítimos e o desenvolvimento crescente de interesses cruzados entre o Estado e Privados e ainda à entrada de várias centenas de milhares de euros para ambos os setores cuja maioria não foi usada para criar riqueza e postos de trabalho sustentados mas para especulação e outros fins pouco recomendáveis donde a criação de uma bolha que rebentou em 2011 e nos deixou com a enorme dívida que tanto vai onerar a vida dos portugueses nos próximos anos.

Em resumo foi um período em que não houve qualquer austeridade mas antes pelo contrário houve desonestidade, corrupção, ganância e deficiente gestão, tudo isto muito generalizado e como está explicado na literatura especializada a começar de cima para baixo…

Portanto em 2011 era forçoso passar a haver austeridade mas o que aconteceu foi haver um desvio de finalidade e ela foi perturbada pelos hábitos ganhos no período anterior e substituída por avareza e deficiente gestão donde resultaram os cortes cegos, a venda de empresas vitais para a nossa independência, o crescimento da dívida externa, o adiamento das correções estruturais da nossas deficiente operacionalidade,   e só não houve mais estragos porque a nossa vizinha Espanha tem recuperado, o Turismo nacional mesmo sendo mal gerido cresceu e apesar dos erros de gestão dos nossos órgãos de soberania tem havido iniciativas privadas muito proveitosas.

Mas há que corrigir o conceito de austeridade pois ela nunca foi de facto aplicada e é indispensável que o seja, para que nem se volte a criar uma bolha perigosa nem se caia na ratoeira imediatista dos que querem gastar mais do que o que se produz sem corrigir a baixa operacionalidade, prejudicando a vida das gerações futuras e não recuperando a perdida independência nacional.

Lisboa, 18 de Julho de 2017

José Carlos Gonçalves Viana



publicado por JoseViana às 16:14
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Abril 2019
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30


posts recentes

A regionalização volta a ...

Família, lealdade e efici...

...

Dois comentários ao OGE p...

A revolução mais importan...

História dos descobriment...

Economia do Mar e Marinha

O grande equívoco dos des...

Descentralização ou gestã...

A revolução mais importan...

arquivos

Abril 2019

Março 2019

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Abril 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Março 2017

Janeiro 2017

Outubro 2016

Setembro 2016

Junho 2016

Maio 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Novembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Outubro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

blogs SAPO
RSS