Em 3 de Janeiro pp publiquei um desabafo muito esperançoso dada a alocução do Novo Ano do nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ter frisado a importância e a necessidade de uma grande mudança a realizar em Portugal.
É para mim óbvio que, quer seja uma pessoa, ou uma família, ou uma empresa, ou um país que queira mudar de comportamento de modo a mudar para um rumo mais eficiente é forçoso começar por ter consciência dos erros cometidos até aí e das suas causas para que então se possa eficazmente corrigir tudo o que é preciso, isto é fazer a tal grande mudança.
Mas acontece que esta manhã pude assistir, pelo computador, à conferência realizada na Academia de Marinha pelo nosso Presidente da República em que ele apresentou uma versão da nossa História de tal modo otimizada, chegando ao ponto de afirmar que o Prof. Cavaco Silva tinha dado forte incremento à nossa Marinha, pois se de facto não houve nada de errado, então porquê haver necessidade de grande mudança?
E para melhor exemplificar esta minha posição nada melhor que o exemplo que deu da atuação na Marinha do Prof Cavaco Silva: acabou com a principal companhia de transporte marítimo portuguesa, proibiu a sua posição de sócia maioritária do Porto de Macau perdendo-se assim enorme volume de negócios para empresas portuguesas, proibiu a constituição de uma empresa de navios de cruzeiro já com projeto estudado pelo Eng Ribeiro e Castro, atropelou um projeto privado denominado “Naus de Belém” já aprovado pela CMLisboa, provocou a saída do representante de Portugal na International Shipping Organization, proibiu a venda de uma nau tipo da usada por Vasco da Gama a um hoteleiro de Goa.
Otimismo é bom que haja mas se não se analisar a realidade verdadeira jamais se conseguirá mudar para melhores rumos!
Lisboa, 25 de janeiro de 2018
José Carlos Gonçalves Viana
Do ponto de vista de gestão a História de Portugal divide-se em duas partes distintas: a primeira desde a fundação até à morte de D. João II durante a qual os responsáveis pelos destinos do País praticaram uma gestão pró-ativa e inclusiva, a segunda até hoje em que os responsáveis praticaram uma gestão reativa e extrativa o que explica o que aconteceu com os territórios herdados da primeira fase e com todos os enormes atrasos que fomos acumulando e agora com os acontecimentos dramáticos das consequências dos incêndios e da seca.
E digo consequências porque os problemas não advêm dos inevitáveis incêndios mas dos erros de gestão que originaram aqueles. E também pela deficiente análise dos factos que levou à demissão de uma Ministra mas de nenhum Autarca embora todos eles fossem igualmente responsáveis pela ineficácia da prevenção.
Portanto quando o Presidente da República na sua alocação do ano insistiu na necessidade imperiosa de mudança não posso deixar de pensar que se está a referir ao abandono imediato da gestão reativa e extrativa que a revolução de Abril não alterou e a adoção da gestão pró-ativa e inclusiva que deverá ser praticada não só pelo Governo mas por todos os Órgãos de Soberania, Autarquias e Partidos Políticos.
E não incluo os privados porque esses quando não gerem bem acabam falidos e se as exportações têm aumentado os problemas não estão aí.
Vamos pois estar atentos aos próximos dias porque mudanças como esta não se fazem com estudos demorados e grandes discursos mas com decisões certeiras e firmeza na aplicação.
Lisboa, 3 de janeiro de 2018
José Carlos Gonçalves Viana