Sexta-feira, 27 de Abril de 2018
O grande equívoco dos descobrimentos marítimos

O artigo “O Museu Daquilo” publicado no Expresso de 21 pp acelerou o meu interesse em tentar contribuir para o esclarecimento do facto mais importante da História de Portugal e que tão mal tratado tem sido.

Para começar não escrevi “descobrimentos marítimos portugueses” porque os únicos descobrimentos de grande porte que permitiram a expansão europeia foram os portugueses. O museu de Madrid dos “descubrimientos maritimos” começa com Colombo …

A palavra descobrimento significa a ação que permite passar a conhecer algo que era desconhecido. O ser marítimo significa ter sido realizado por navios.

Ora desde o início da existência de um País chamado Portugal, por vontade de D. Afonso Henriques, a consolidação deste novo reino implicou o desenvolvimento das atividades marítimas aproveitando o facto da costa portuguesa ser passagem obrigatória de todo o tráfego entre os povos mediterrânicos e os do norte da Europa, o que dadas as características e a pequenez dos navios então utilizados provocou a existência de vários portos ao longo da nossa costa com relevo para Lagos, Lisboa e Porto, onde de desenvolveu uma burguesia muito ativa com elevada percentagem de judeus vindos pelo norte de África e possuidores da cultura existente em Alexandria enquanto as populações do norte que constituíam a maioria da nobreza ainda tinham, tal como no centro da europa, uma cultura medieval.

Após a morte do rei D. Fernando entre as duas propostas de sucessão: a da burguesia com o Mestre de Avis como candidato e a da nobreza com o rei de Castela, venceu a primeira e assim se tornou possível o desenvolvimento da Marinha portuguesa.

O que aconteceu trinta anos depois de ser coroado como D. João I ao organizar uma frota com cerca de 200 embarcações, de grande porte para a época, sem perturbar a vida económica nacional, conquistar Ceuta e iniciar os descobrimentos marítimos ou seja passar a conhecer o oceano atlântico, isto é, as suas correntes e os seus ventos que permitissem atingir por via marítima o oriente, mais concretamente a Índia cujas riquezas eram conhecidas.

Portanto os descobrimentos marítimos obviamente portugueses, e que precederam a expansão marítima europeia de quase um século, além do oceano foram os territórios da América para onde D, João II conseguiu levar os Reis Católicos através de Colombo de forma a sermos nós os primeiros a chegar à India, e o Brasil.

O caminho para a Índia foi descoberto por Bartolomeu Dias e o Brasil foi naturalmente descoberto a partir da prática da volta da Mina com o objetivo de alargar o conhecimento dos regimes de ventos do Atlântico Sul, e mantido obviamente em segredo,

 mesmo antes do Tratado de Tordesilhas, o que bate certo com a recusa de D. João II à proposta dos Reis Católicos de após a assinatura daquele tratado ir uma frota conjunta marcar a localização do respetivo Meridiano.

Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral não descobriram nada mas foram essenciais para Portugal definir a sua posse da ligação com o Oriente e do Brasil respetivamente o que não lhes tira o valor mas os descobrimentos propriamente ditos acabaram com a morte de D. João II em 1496.

A partir daqui as notáveis navegações portuguesas não foram descobertas de territórios que já eram conhecidos mas não contactados por europeus por via marítima e permitiram realizar por mar as trocas comerciais até aí dominadas pelo médio oriente e Veneza.

Portanto convém a bem da verdade que fique assente os descobrimentos marítimos portugueses terem sido realizados entre 1385 com D. João I e 1496 quando morreu D, João II e deixou a enorme herança da globalização e dos territórios que os seus herdeiros tão mal geriram e mesmo assim chegaram até 1974.

Lisboa, 26 de abril de 2018

José Carlos Gonçalves Viana

 



publicado por JoseViana às 19:15
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
pesquisar
 
Abril 2019
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30


posts recentes

A regionalização volta a ...

Família, lealdade e efici...

...

Dois comentários ao OGE p...

A revolução mais importan...

História dos descobriment...

Economia do Mar e Marinha

O grande equívoco dos des...

Descentralização ou gestã...

A revolução mais importan...

arquivos

Abril 2019

Março 2019

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Abril 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Outubro 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Março 2017

Janeiro 2017

Outubro 2016

Setembro 2016

Junho 2016

Maio 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Novembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Outubro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

blogs SAPO
RSS