Continua a manifestação de interesse pela economia do Mar através de artigos, muitas vezes bastante bem escritos, e de frequentes encontros e sessões, e tenho a convicção dele ter sido iniciado a partir de 2004.
Recordo-me de em 1984 tanto na Academia de Marinha como na Sociedade de Geografia de Lisboa vários profissionais ligados à Marinha ( ou seja a Armada e as Marinhas de Comércio, Pescas e Recreio) apresentaram comunicações com o objetivo de contribuir para a recuperação destas atividades que com as perturbações causadas pela revolução de 74 estavam muito reduzidas, o que, dadas as raízes da formação de Portugal e dos Portugueses, julgávamos ser essencial para o futuro do nosso País.
No entanto a reação do poder político não só não foi minimamente favorável a tal recuperação como durante o Governo de Cavaco Silva houve um ataque destruidor das iniciativas então em curso e nunca mais foram tomadas decisões pelos Órgãos de Soberania nem houve qualquer reação positiva das entidades privadas que poderiam, ou até deveriam ter tomado uma posição construtiva.
Quando foi criado um Ministério do Mar houve um momento de esperança e graças a um Diretor Geral muito competente tivemos alguns projetos em vias de serem decididos mas os Governantes então em exercício meteram tudo nas gavetas e depois passaram para a oposição e criticaram os seus sucessores por não tomarem as decisões tão necessárias.
E assim um País tão necessitado de investimentos produtivos que não precisem de depender do OGE tem muitas centenas de postos de trabalho à espera de decisão governamental e além disto não permite o acesso às atividades náuticas essenciais para desenvolver na população o interesse prático na Marinha em zonas, como por exemplo em Lisboa e no Sotavento Algarvio, onde há projetos com mais de vinte anos sem poderem ser realizados.
Temos na nossa História o exemplo de D. João II que, em menos de vinte anos nada escreveu nem deixava escrever, mas dotou Portugal da Marinha mais poderosa da Europa, descobriu todo o Oceano Atlântico e as Américas e proporcionou termos tido a primeira ligação marítima com o Oriente por Vasco da Gama e com o Brasil por Álvares Cabral.
Portanto tenhamos a esperança de que diminuam as conversas mas aumentem as decisões corretas e oportunas que permitam tirar Portugal desta apagada e triste situação.
Lisboa, 20 de agosto de 2018