No início da década de 90 houve um movimento para adotar a regionalização como cura para o centralismo que provocou a produção de vários documentos, uns pró outros contra, e que acabou num referendo que a chumbou, porque de facto o que era e é essencial é a gestão praticada pelos nossos Órgãos de Soberania ser eficiente ou por outras palavras ser inclusiva e pró-ativa como aconteceu nas duas primeiras dinastias, e a regionalização não era solução pois é apenas um ato parcial entre os muitos outros atos que constituem a gestão eficiente e portanto não resolve os muitos problemas que existem em Portugal e que tarda serem tratados de forma eficaz. A propósito disto será interessante realçar a importância de se analisar a gestão praticada pelos nossos Autarcas pois se há queixas do centralismo a verdadeira questão é na verdade a baixa qualidade das decisões do Poder central, fenómeno este que também se verifica em muitas decisões tomadas nas Autarquias principalmente no que respeita a projetos imobiliários e a questões ligadas à sustentabilidade e à educação. Convém recordar que a educação dos cidadãos é constituída pelas informações que o individuo vai recebendo ao longo da vida primeiro dos Pais, depois do lugar onde vive, da Escola (onde aliás é onde está menos tempo mas com grande intensidade) , e sempre de todo o contexto em que vai estando inserido com uma referência especial para os exemplos dados principalmente por quem se tem admiração. Ora o que se passa no lugar onde se vive depende quase totalmente da respetiva Autarquia como são os projetos dos prédios bem como dos bairros e parte dos serviços locais sejam estes privados, estatais ou municipais. Em Portugal há 305 Municípios e a maioria deles não tem dimensão suficiente para suportar um quadro técnico que lhes permita atingir a eficiência de gestão desejável, donde poder este facto justificar uma regionalização ou mais precisamente o agrupamento de vários Municípios, o que aliás já existe com os Distritos, e assim bastará concentrar em cada um deles os serviços especializados para os seus Municípios sem ser preciso falar-se de regionalização, que significa criar Regiões como acontece em alguns países mas em que cada uma delas tem dimensão próxima do nosso País todo. Porque o que é essencial é termos serviços eficientes e bem dimensionados e não ir atrás de soluções que pouco ou nada têm a ver connosco embora pareçam estar na moda.
Têm aparecido na comunicação social vários reparos quanto à participação em cargos públicos de familiares de ocupantes de lugares de relevo na Administração Pública, não por serem incompetentes, mas porque são familiares. Por outro lado sempre que alguém toma posse de um cargo público compromete-se a ser leal mas nada se diz sobre ser eficiente. Portanto parece poder ser incorreto ser da família de alguém importante, ser leal é o mais importante e não tem qualquer importância a falta de eficiência. E dada esta situação ser muita antiga, provavelmente desde 1496, como é possível ainda haver quem não entenda por que razão já temos tantos problemas, e vamos ter mais, por resolver na gestão do nosso País? Lisboa, 26 de março de 2019 José Carlos Gonçalves Viana