O custo do que não se fez Tudo o que se faz tem um custo que no caso de ser um bem público deve ser conhecido como é normal quando há transparência. Mas curiosamente não parece ser corrente conhecer-se o custo do que não se fez o que acarreta o enorme inconveniente de não contribuir para a correção de erros cometidos e assim perpetuar as consequências negativos desses erros. Isto vem a propósito de dois factos a saber: o desprezo que tem existido quanto ao aproveitamento económico da náutica de recreio e o facto de ainda não se ter aproveitado o potencial referente a investimentos nesta atividade que se deveriam ter realizado quando há mais de vinte anos foram apresentados esses projetos. Antes de apresentar valores quero esclarecer que a responsabilidade por estes custos deve ser atribuída não só às Autarquias e aos Governantes das pastas respetivas mas também aos potenciais investidores privados e à Comunicação Social que primaram pela ausência de iniciativa, de resiliência e de eficiência. Para se ter uma ordem de grandeza destes custos não é preciso realizar estudos económicos tão complicados como é costume aparecerem nos planos que normalmente não são cumpridos e portanto vamos simplificar: imaginemos que se criariam cem postos de trabalho que valeriam 10 000 euros anuais cada ou seja 1 milhão por ano e assim ao fim de vinte anos teremos 20 milhões perdidos! E isto tendo como base pouco mais do salário mínimo e apenas 100 postos de trabalho quando na realidade não só são mais elevados como há mais receitas perdidas além dos salários. Quem se der ao trabalho de fazer um levantamento de projetos pensados mas não realizados vai chegar a algumas centenas de milhões de euros que temos perdido e o mais grave é, se não se ultrapassar esta “distração”, vamos continuar a perdê-los o que constitui mais do que um erro mas um crime porque temos muitos desempregados cá e deslocados fora. Lisboa, 22 de março de 2019 José Carlos Gonçalves Viana